

Usa-se com muita impropriedade o termo "passional"! Basta que um criminoso diga "foi por amor" e pronto: aceita-se a etiqueta.
Esse crime de Santo André é tudo, menos passional! O ato passional é impensado, irrefletido, é coisa de um momento de desvairio. O passional não planeja. Se parar pra pensar, não mata mais.
Um rapaz que fica durante cinco dias torturando uma moça (batia nela, espancava, segundo declarações da amiga), enquanto dormia e comia normalmente, de passional não tem nada: o que ele tinha, sim, era raiva e inconformismo por ter sido contrariado.
E o sentimento de poder que o sequestro lhe conferiu tornou-se maior, na medida em que a intensa cobertura da imprensa manteve sobre ele os olhos do país!
Vi uma entrevista de Lindermberg num programa de TV, e era a empáfia em pessoa: "vou soltar quando eu quiser" "a hora que achar que devo", "vai ser como eu quero"!
Hoje cedo, numa entrevista, o coronel que comandou as negociações deixou claro que o atirador de elite não foi utilizado por medo da imprensa, que com certeza estaria mesmo caindo de pau em cima da polícia nesse momento.
Mas não importa. Se é preciso optar, deveria sempre prevalecer o princípio de salvar a vida do inocente! e depois de tantos dias de negociação, esgotadas todas as possibilidades, e tendo ficado claro que o rapaz estava disposto a matar, como parece que ficou, dar sinal verde ao atirador de elite seria o recurso.
O certo é que mais uma vez, a título de proteger o criminoso, condenou-se a vítima!
E Não me venham com essa história de: ah, os vizinhos, os amigos dizem que era um rapaz tão bom...nunca imaginaram que pudesse fazer isso!
A experiência mostra que os criminosos mais cruéis provocam a mesma reação em quem convivia com eles.
DE LUCIA LUIZ SOBRE A MORTE DA MENINA ELOÁ: