Os roteiristas americanos estão em greve, mas segundo noticia o El Mundo, vão dar uma trégua, em respeito e homenagem a Elizabeth Taylor.
A atriz, uma das grandes divas do cinema, há anos se recolheu e quase não aparece em público. Mas nesse 1 de dezembro, dia Internacional da Aids, vai fazer uma apresentação milionária, e a renda obtida será destinada à luta contra o vírus. Solidários, os roteiristas já se comprometeram a não fazer piquetes na porta do teatro.
Bonito esse respeito, essa reverência que o norte-americano tem para com seus ídolos. Eles envelhecem, saem de cena, mas não caem no esquecimento: continuam sendo tratados como ídolos, inclusive pelos mais jovens, que nem tinham nascido quando estavam no apogeu.
Nós temos outra cultura. Entre nós, sair de cena é sair da memória também. Quantas vezes a gente escuta alguém dizer: "fulano acabou." O "acabou", no caso, significa: envelheceu, não atua mais, não dança mais, não joga mais futebol, não está mais nas páginas das revistas. Há um certo prazer em derrubar ídolos.
Nós temos outra cultura. Entre nós, sair de cena é sair da memória também. Quantas vezes a gente escuta alguém dizer: "fulano acabou." O "acabou", no caso, significa: envelheceu, não atua mais, não dança mais, não joga mais futebol, não está mais nas páginas das revistas. Há um certo prazer em derrubar ídolos.
Se Elizabeth Taylor fosse brasileira será que ela conseguiria fazer uma apresentação milionária? a greve faria essa trégua?
12 comentários:
Verdade, Gloria. Exemplo maior disso eh o fato de ainda termos Chico Buarque e Joao Gilberto e darmos muito mais valor a Tom Jobim que ja morreu.
Fim de semana passado fui ao show da Bebel aqui em Londres. Um espetaculo, mas pouco conhecida no Brasil porque nao aparece na midia do pais.
Outra coisa esquisita, eh que brasileiro valoriza mais o que vai do exterior (que nao vai, porque geralmente fica bem longe do Brasil) do que o produto interno.
Exemplo disso eh o classico das garrafas de agua sendo jogadas em Carlinhos Brown no Rock in Rio ha anos atras. Queriam o rock dos gringos e rejeitaram ao som nacional produzido pelo baiano.
Ouvi uma entrevista de Brown essa semana, falando que aquilo foi mais do que falta de respeito, uma forma de expressao. Jovens expressando revolta a uma forma de expressao brasileira.
Eu, por outro lado, acho que eh pura burrice e falta de respeito. Cada vez que vou ao Brasil e tento conversar com amigos de minha idade (21) percebo que vivem em outro planeta.
Um beijo e boa sexta-feira!
Marcos
É triste Gloria, mas é assim mesmo. Cansei de ver pessoas que foram muito famosas e queridas
entrarem nos lugares como perfeitos desconhecidos.
Estou gostado demais do seu blog
abraço
aqui só dão valor a quem já morreu e mesmo assim nem sempre.
bjs
A atriz Tereza Rachel, pra mim, nunca vai acabar. Continuo vendo cenas com ela em novelas dos anos 80 e 90 e é sempre um delírio. Se ela resolvesse aparecer, nem sei do que eu seria capaz.
Concordo com o que a ana clara citou aqui so dao mesmo valor quando morrem,bonito isso que estão fazendo por ela
Ai, Gloria, acho que isso está mudando até por aqui (nos EUA), talvez uma Julia Roberts venha a ser reverenciada, mas existe uma tendência maior à destruição dos ídolos, nos tablóides da forma mais cruel que já vi.
E olha que o Brasil, que adora importar comportamentos já está seguindo o péssimo exemplo estadunidense.
Andei visitando uns blogs de fofoca e eles amplificam o que existe de pior aqui, são chulos, de baixíssimo nível, fiquei chocada. Copiam as fotos, as baixarias e capricham em piorá-las. Acho o fim.
Beijocas
Ps.: Estou voltando aos poucos, essas viagens tiram nossas energias pro um tempo, né? mas me aguarde que já volto de vez :-)
Tenho a impressão de que alguns chegam a ter raiva do ídolo "que não serve mais".
Infelizmente essa prática brasileira tem-se agravado por conta das informações muito rápidas, das celebridades meteóricas, da cultura da bunda, como definiu a Fernanda Montenegro. Os veículos de comunicação de massa vez por outra até tentam minimizar isso, mas a coisa é irrecuperável.
Glória,
Me lembrei de uma propaganda com a Fernanda Montenegro onde focava a falta de memória do brasileiro.
Se Liz Taylor fosse brasileira não haveria apresentação milionária mas certamente, greve sim !
Beijos,
Val
O Brasil e os brasileiros não reconhecem o valor nem das pessoas nem dos monumentos que fizeram história. Nós não preservamos a Quinta da Boa Vista, o calçadão de Copacabana, o Maracanã...
Se não damos valor aos lugares que fizeram e fazem a história do país, como vamos reconhecer o valor das pessoas?
A impressão que dá é que por um artista não estar na tela da TV diariamente, ele morreu, deixou de ter valor e, por isso, direito a nossa reverência e admiração.
Eu digo nós, porque também sou brasileira, mas não me orgulho dessa nossa faceta. Deveríamos nos espelhar nos gringos para as coisas boas (como a que você citou sobre Elizabeth Taylor) e não nas ruins (como tablóides de fofoca que acabam com a paz dos artistas).
Não Glória, ela morreria de fome e esquecida como tantos outros artistas nossos...
Não é porque lá é assim e aqui é assado. São situações individualizadas. Nem todos recebem tanta consideração como a Taylor, assim como aqui nem todos são lançados na rua da amargura pelos fãs. Exemplo é Paulo Autran, entre outros e exemplos de situações miseráveis são muitas nos Estados Unidos.
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