segunda-feira, 31 de março de 2008

o dote - leis e costumes


Apesar de proibida por lei, a instituição do dote permanece na Índia e continua promovendo assassinatos e infanticídios, quase todos os dias estampados nos jornais,

O dote é um peso, uma preocupação constante para os pais de meninas: sabem que, sem ele, as filhas provavelmente ficarão solteiras e, na melhor das hipóteses, submetidas a um casamento desigual, onde é comum que venham a ser maltratadas e humilhadas pela nova família.

Conheci um motorista que tem 3 filhas pequenas. Está tentando a vida em Dubai. Ganha muito pouco para o padrão da cidade e, como estrangeiro, nao tem direito a nenhum benefício -plano de saúde, por exemplo. A maior parte do salário ele manda para a India, onde deixou mulher e filhas. Do que resta, deposita religiosamente uma quantia na conta que abriu para juntar o dinheiro do dote das meninas. Sobrevive com a sobra.

As filhas significam sacrifícios financeiros e podem desestruturar a estabilidade econômica de uma família. Por isso, o nascimento de meninas não costuma ser bem-vindo. É grande o número de infanticídio, e as grávidas não podem fazer exame de ultra som:  é proibido, para evitar abortos.

São muitos os casos de mulheres assassinadas por seus maridos ou pela familia dele, porque a exigência do dote não tenha sido cumprida satisfatoriamente. Ou porque o marido, mesmo recebendo o estipulado, tem a perspectiva de um novo casamento, com um dote maior.

O meio mais comum de se livrar de uma esposa tem sido incendia-la junto ao fogão e registrar o caso como acidente doméstico.

Uma curiosidade: aqui no Brasil, ainda que ignorado pelos costumes, o dote vigorou no código civil até 2003.  Encontrei o texto da lei no blog da Sandra Bose.  

brasileiros em Mumbai


Paulo Antonio Pinto, nosso consul em Mumbai, organizou esse encontro. Foi uma tarde e tanto, em companhia desses brasileiros que estão morando lá.

Algumas das mulheres estão casadas com indianos, outras acompanham os maridos que estão lá a trabalho, outras, ainda, chegaram por conta própria e encontraram, na velha India, um sentido de vida. 

Um dos rapazes conseguiu um feito: casar-se com uma indiana. Por força das tradições e dos costumes, é muito difícil encontrar um casal em que o marido seja estrangeiro. Outro foi para a Índia ver a avó, uma psicóloga que vive em Mumbai desde a década de 70, e gostou tanto que foi ficando por lá.

Não é fácil adaptar-se a uma cultura tão diferente. Mas a Índia tem muitos encantos, que os brasileiros de lá sabem valorizar.

Também estivemos com brasileiros em Delhi: a Sandra Bose, a Juliana, a Patricia. As fotos de Delhi estão na máquina da Bianca. Quando ela mandar eu posto aqui pra vocês.

E esta é a vista de Mumbai. fotografada da janela do nosso consulado.



domingo, 30 de março de 2008

as rocas de Varanasi

Ainda em Varanasi visitamos essa familia de tecelões. Eles dominam os segredos do brocado há centenas de anos, passando esse conhecimento de geração a geração. São tapetes maravilhosos, panos belíssimos. Aqui estão eles, tecendo  nas rocas.

O sistema de castas, determinando que as profissões passem de pais para filhos, permitiu a sobrevivência da manufatura na Índia. 


profissão? pesador

Por 100 rupees, que equivalem a quase 5 reais, você sobe nessa balança e fica sabendo seu peso.

Varanasi vista do barco


nas ruas de Varanasi




sexta-feira, 28 de março de 2008

Varanasi- rituais do amanhecer

De madrugada voltamos ao Ganges, para assistir aos banhos rituais e a entrega das oferendas aos deuses.

Os hinduistas, de onde estiverem,  costumam saudar o sol quando ele nasce, cantando mantras, de modo a entrar em sintonia com ele e fortificar o corpo e o espírito, através da comunhão com sua poderosa energia.
As oferendas são assim,  como essa que a Claudia está se preparando para entregar ao Ganges: em forma de pequenas cuias feitas com uma espécie de folha, recheadas de flores e tendo, ao meio, uma vela acesa.

A pessoa deve voltar-se para o sol e depositar sua homenagem nas águas com delicadeza.

Podemos ver que do outro lado do rio não há construção nenhuma: isso porque, na concepção do hinduísmo, tudo o que vive e prospera deve estar voltado para o sol, nunca de costas pra ele.

quinta-feira, 27 de março de 2008

as margens do Ganges


Estamos em Varanasi, uma das 7 cidades sagradas da Índia.
Varanasi tem 5 mil anos, é uma das cidades mais antigas do mundo, senão a mais antiga: nasceu no terceiro milênio antes de Cristo.

Na rua, peregrinos, turistas, macacos, vacas, riquixás, carros e bicicletas, se embolam no belo caos organizado que só a Índia é capaz de orquestrar!

Uma multidão de pelegrinos vem se banhar nas águas do rio Ganges. Conta-se que, no princípio , o Ganges corria no céu, enquanto o sol queimava a terra inteira. Atendendo às preces dos devotos, Bhrama o mandou para a terra, pelas montanhas do Himalaia. Mas para evitar que a força de suas águas causasse destruição, Shiva o fez descer pelos seus cabelos, suavizando a queda. Assim nasceu Maa Ganga, a mãe Ganga, como chamam os hindus. E a devoção de Varanasi a Shiva.

Para um hinduísta, banhar-se nessas águas purificadoras é um ritual que ele sonha fazer pelo menos uma vez na vida. A suprema benção é ter suas cinzas atiradas no Ganges, porque o rio sagrado tem o poder de libertar a alma da samsara, o penoso ciclo das reencarnações, e permitir que ela se una diretamente ao criador.

Por conta disso, chegam todos os dias à Varanasi pessoas muito velhas ou muito doentes, e trens que trazem mortos para serem cremados às suas margens.

Todas as tardes, no cair do sol, acontece essa cerimônia que viemos assistir, a Aarti. Na foto acima, a escadaria que leva ao rio. Essa cabra ficou tranquilamente assistindo ao culto. Quando fomos embora, ainda estava lá.


Do lado direito da escadaria, a visão trágica de muitos leprosos em estado avançado, pedindo esmolas. É terrivel de se ver, porque a hanseníase hoje é uma doença perfeitamente curável, e não exige sequer isolamento. Mas aqui ela continua exposta em sua versão bíblica.

Pode-se ver o culto das margens ou de um barco, como esse que vemos na foto abaixo.

Debaixo de cada um dessas espécies de guarda-sol iluminados, fica um monge. São sete ao todo. Eles cantam mantras e queimam incensos. A cerimônia acontece todos os dias, mesmo quando as chuvas violentas das monções fazem transbordar as águas do Ganges.


Terminada a cerimônia, fomos de canoa ver os crematórios, que ficam logo mais adiante. As fogueiras são feitas bem na margem do rio, enquanto os corpos esperam, amarrados numa numa espécie de maca, postos na escadaria: mulheres envoltas em panos vermelhos debruados de dourado. Os santos e as crianças em panos brancos, os velhos em panos muito coloridos, simbolizando que já viram todas as cores da vida.

Só não se cremam os homens santos - porque já estão libertos da samsara. As crianças - porque é preciso que reencarnem para viver (todo o ser deve passar pela vida), e os leprosos -porque já sofreram demais, e isso os liberta.

O ritual da morte é dirigido pelo filho mais velho, que está vestido de branco, com o doti, aquela roupa usada pelo Gandhi. Em sinal de luto, ele traz a cabeça raspada. Os outros familiares vestem roupas comuns, e só os homens assistem à cerimônia.

Ao filho mais velho cabe acender a fogueira onde o corpo foi colocado. Ele dá sete voltas em torno, com a tocha na mão, e acende o fogo. Depois que o corpo estiver consumido, ele atira ao Ganges as cinzas de seu pai ou de sua mãe.

Confesso a vocês que nós chegamos ali achando que íamos encontrar uma energia muito pesada, dificil de suportar. Mas não é nada disso. O hinduísmo encara a morte como um fenômeno natural da vida. E como diz um de seus textos sagrados:

"O verdadeiro Ser vive sempre. Assim como a alma incorporada experimenta infância, maturidade e velhice dentro do mesmo corpo, assim passa também de corpo a corpo - sabem os iluminados e não se entristecem"

Toda a cerimônia fúnebre está impregnada desta crença.

terça-feira, 25 de março de 2008

Cachorro tem cada uma!


A noticia estava no jornal que lemos no avião, à caminho de Varanasi. Está acontecendo no Japão.

Olhem só: esse chiuaua de 1 ano e meio, o Conon, resolveu acompanhar o dono nas orações e virou a atração do templo: cada vez mais gente tem ido lá, curiosa para assistir a devoção canina.

O dono do Conan já pensa que ele seja capaz de meditar! De cachorro eu não duvido nada!

segunda-feira, 24 de março de 2008

um domingo no templo

Schechtman, Bianca e Cláudia, nossa produtora internacional, prontos para entrar no templo sikh. Aqui, nessa ante-sala, a gente deixa os sapatos e tem a cabeça coberta por um devoto.



Na porta do templo fizemos muitas amizades: o indiano é acolhedor, generoso, simpático. E adora fotografias. Foi bater a primeira foto e muitos começaram a se chegar, achando graça e trazedo suas crianças pra serem fotografadas também.



Muitas dessas crianças tinham os olhos pintados assim. Dizem que isso as protege de mau olhado:

E daqui por diante não posso mais mostrar, porque é proibido fotografar dentro do templo

Mas vale a pena falar um pouco dos sikhs.  A palavra "sikh"quer dizer "discípulo", "disciplina": não basta frequentar o templo -um sikh deve viver de acordo com o seu livro sagrado, exercitando a tolerância e a fraternidade. 

Eles não tem padres nem pastores. Acreditam que só há um Deus, criador de todas as coisas. Não reverenciam imagens e acham graça na idéia de pecado original: Deus não criou o homem para castigá-lo, mas para que cumpra sua missão no cosmo, vivendo de maneira honesta. 

O templo sikh é aberto à qualquer pessoa, de qualquer religião. Muitos hinduístas o frequentam. E é muito bonita a cozinha comunitária, onde se unem ricos e pobres para fazer a comida que será distribuída a todos, durante o culto. Porque um dos princípios do sikhismo é que o devoto deve dedicar um tanto de seu tempo para fazer trabalhos que beneficiem a comunidade.

5 símbolos identificam um sikh, e todos eles começam com a letra K, por isso são conhecidos como os 5 Ks dos skhs:

1-Kesh (cabelos): usam turbante porque não podem cortar os cabelos (nem fazer barba, nem retirar qualquer pelo do corpo).

2- Kanga (pente) dentro do turbante, trazem um pente que simboliza limpeza e disciplina. E devem se pentear duas vezes por dia.

3- Kara: é a pulseira de aço, que representa sua aliança com os ensinamentos dos gurus e sua aversão às supertições.

4-Kaccha: vestem sempre por baixo da roupa um calção curto, que era usado pelos guerreiros sikhs na época em que lutaram contra os mongois.

5- Kirpan: levam sempre uma espada na cintura, que nunca deve ser usada para fazer mal, mas para proteger-se ou proteger alguém que esteja sendo atacado. 

Lord Singh, como o chamavamos, nosso motorista em Delhi e Agra, é sikh. Aqui estamos eu e Bianca, no aeroporto de Delhi, nos despedindo dele.


domingo, 23 de março de 2008

as cores da Índia



Não lembro quem disse, mas é verdade: ninguém sabe o que é cor antes de chegar na Índia!
vejam como é bonita essa exuberância!

sábado, 22 de março de 2008

Consultando a estrela


A caminho de Agra encontramos o astrólogo. Na verdade, quem faz a previsão é a vaca, que responde sim ou não a um pergunta qualquer que você faça.  

Obaaaaa! ganhamos um sonoro sim!


quinta-feira, 20 de março de 2008

Índia



Aqui estamos nós, na incrediable Índia! 

Nada de mão e contra-mão, guardas ou sinais de trânsito: carros, pedestres, vacas, e riquixás, se embolam em perfeita harmonia: nenhum acidente, nenhuma freada brusca.  Mas haja coração. Nos primeiros 10 minutos achei que infartava! É só a democracia -o guia sorria, como se falasse do öbvio ululante- cada um tem  direito de fazer o caminho que quer!  


Passado o primeiro susto, que é o de abrir os olhos e constatar que se continua vivo, a gente aprende que existe ordem no caos, e fica zen.

A Índia é cor. Mesmo a miséria extrema está envolta em panos coloridos, que parecem de festa. Impressiona ver no mesmo espaço tanto requinte e tanta miséria, tanta riqueza e tanto lixo acumulado nas ruas!

A Índia é uma experiência única. A gente nunca viu nada parecido, e ao mesmo tempo tem a sensação de estar voltando pra casa.

quarta-feira, 19 de março de 2008

ainda no shopping

Essa foi tirada pela Bianca, que junto com Giovana e a Sandra, forma o minha equipe de pesquisadoras. Já falei da Bianca posts atrás: ela é autora do livro "O Rio de Janeiro que Hollywood inventou".

Logo logo vou falar da importância do trabalho de pesquisa para uma novela ou minissérie.

segunda-feira, 17 de março de 2008

shopping em Dubai


Que beleza esse shopping! é imenso, e a gente se surpreende a cada momento, com a beleza de sua arquitetura, de seus recantos.  O jogo delicado de luzes que incide sobre a tonalidade dos tetos, os elementos árabes tradicionais, de extremo bom gosto, misturados a efeitos hi techs.



Schechtman tirou fotos incríveis, e está, como todos nós, maravilhado com a idéia de juntar, numa mesma novela, essa megalópole, que é Dubai, com a Índia milenar. Quando ele mandar as fotos, publico algumas para vocês.

Todas as grandes marcas estão aqui, e ainda outras que não conhecemos: artigos árabes, artigos orientais muito requintados, de perfumaria, ouruversaria, vestuário, mobiliário, etc etc etc.



E maravilha: dentro mesmo do shooping, uma imensa pista de neve, onde se pode esquiar! ontem, enquanto almocávamos, podíamos ver, através da parede envidraçada, os esquis descendo a montanha de neve!

Muitos estrangeiros, gente de todo lugar do mundo fazendo turismo por aqui. É bonito, ver como todas as nacionalidades se cruzam: japonesas vestindo shorts ou minissaias, mulheres de burca, algumas usando no rosto um acessório que lhes cobre a boca e as sobrancelhas, indianas enroladas em seus saris, ternos, bermudas, roupas caracteristicas de cada região da Ásia e da África, tudo se mistura por aqui.

Engraçado saber que os homens de bermuda não causam choque nenhum aos árabes em suas camisas compridas e lenços na cabeça: eles só acham engraçado, e dizem que estão vestidos de menino!

no mercado do ouro


Aqui estamos nós, no mercado do ouro de Dubai. É fascinante observar a atração que as mulheres árabes sentem pelo ouro. Os olhos, apenas descobertos, nas abayas negras que elas vestem, cintilam diante dessas peças. Já falamos disso em O Clone, lembram? Khadija, a filhinha de Jade, vivia repetindo: "eu quero ouro! muito ouro!"

Elas são lindas, os olhos delineados a khol, roupas elegantíssimas que a gente pode vislumbrar, sob os véus, quando caminham.


Ontem, quando chegamos ao hotel, havia um grupo enorme, só de mulheres vestidas de festa, com abayas muito requintadas. Algumas cobriam só os cabelos, outras só mostravam os olhos, e outras ainda tinham o rosto inteiro coberto por um lenço muito fino, e só podiam enxergar através da transparência deles.

Mas todas usavam uma quantidade imensa de joias! muito ouro, brilhantes, rubis, uma  variedade imensa de pedras! Ficamos sabendo que iam a um casamento, e como homens e mulheres não se misturam nessas festas, elas saíam aos grupos, dirigindo seus próprios carros.

Eu não sei em que ocasiões nem se é habitual usar esses colares! Mas tente imaginar o que é carregar um deles no pescoço!

Bom, virando essa página, uma coisa a gente nota logo à primeira vista, aqui em Dubai: tem tantos indianos quanto árabes! eles estão por toda a parte: na construção civil, no atendimento das lojas, dos hotéis, na direção dos taxis.  Muitos trouxeram as famílias, outros vieram sozinhos, em busca de uma vida melhor na "terra prometida".  Vieram "fazer Dubai".

Dubai  é a América do oriente!

quinta-feira, 13 de março de 2008

amor, casamento e dotes


Mais de 90% dos casamentos na Índia são "arranjados", combinados entre as famílias. A escolha dos pais costuma passar ainda pelo crivo do astrólogo, que é consultado para dizer se há ou não compatibilidade entre os noivos.

O Times traz um caderno inteirinho com anúncios matrimoniais, e também existem páginas na internet, onde a apresentação dos candidatos ao matrimônio é feita geralmente pelo pai ou pela mãe.

Algumas dessas páginas apresentam uma espécie de ficha padronizada, que trazem todas as informações relevantes à escolha do cônjuge: a que casta pertence, a que religião, peso, altura, ocupação, grau de instrução, línguas que domina, hora que nasceu, se exige a opinião do astrólogo, etc etc etc.

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Mas não se pense que o amor esteja dispensado: é que o amor, na cultura indiana, é uma construção a longo prazo. Um filme muito bonito, que mostra como esse sentimento vai se tecendo ao longo dos anos, é Namesake, de Mira Nair. Vale a pena assistir

De qualquer modo, venha ou não venha a acontecer o amor, os casamentos costumam ser para a vida inteira, e o fracasso deles é um estigma.

Um grande complicador é o dote: custa caro demais casar uma filha, e é por isso que o nascimento de meninas não é muito bem-vindo. E mais:
os dotes tem atraído a cobiça de muito malandro.Vejam o que conta a Sandra Bose:

Cerca de 30 mil mulheres indianas, segundo uma estimativa governamental (os especialistas dizem que o número verdadeiro é provavelmente bem maior), são atraídas todos os anos para casamentos fraudulentos por maridos que vivem no exterior.

Isso é parte de um problema crescente na Índia, onde o aumento da prosperidade está fazendo aumentar aquilo que muitos aqui chamam, meio em tom de piada, de "complexo industrial casamenteiro", à medida que os custos dos casamentos e dos dotes fornecidos pelas famílias das noivas sobem sem parar.

Segundo os analistas, a "inflação" dos dotes está criando um incentivo para as fraudes. Nas cidades mais prósperas da Índia, não é incomum que os noivos recebam dotes de cerca de US$ 100 mil. Alguns dotes chegam a alcançar a cifra de US$ 500 mil em dinheiro, ouro, diamantes e propriedades.

Os dotes são proibidos na Índia por uma lei de 1961 que raramente é aplicada. Na verdade, os pais muitas vezes pegam empréstimos em bancos para ajudar a pagar o casamento suntuoso das filhas, que geralmente é visto como um acontecimento da mais alta importância.

Na ânsia de casar as filhas com indianos que trabalham no exterior, as famílias ignoram com freqüência um protocolo muito importante do casamento: a investigação da vida do noivo.

terça-feira, 11 de março de 2008

"AMÉRICA" inaugura canal de TV na Índia!


Olhem quem chegou à Índia primeiro que nós: ele, o boi Bandido! e junto com ele, Sol, Tião, Ed, todas as personagens que povoaram o universo da novela AMÉRICA!

Pois é: AMÉRICA está na Índia desde o dia 25 de fevereiro, inaugurando um novo canal de TV, falado em hindi - o Firangi Channel. É a primeira novela brasileira a ser exibida lá.

Alguém já disse que a gente não escolhe os temas, os temas nos escolhem. E não é mesmo? A estréia da novela é a notícia mais recente, mas de um tempo pra cá parece que todos os caminhos me levam à Índia!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Odoricos: lá e cá



Na contramão de Odorico Paraguaçu, que só queria inaugurar o cemitério de Sucupira, o prefeito de Sarpourenx, um vilarejo da França, repetiu o feito do colega brasileiro, prefeito de Biritiba Mirim: proibiu os moradores de morrer, instituindo penalidades severas para quem descumprir a lei.

Ao contrário de Sucupira, que tinha um cemitério novinho sem ninguém para o inaugurar, em Sarpourenx e Biritiba Mirim não existem mais vagas para abrigar ninguém. Mas as diferenças terminam por aí: como o colega Odorico, os dois prefeitos só querem inaugurar um cemitério!

Por maiores que sejam as reprimendas previstas, de uma coisa pelo menos se pode ter certeza: tanto em Sarpourenx quanto em Miritiba Mirim, os transgressores estão à salvo da pena de morte!

É cada uma!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Shiva, a dança do cosmo



À primeira vista a gente tem a impressão de que a Índia tem milhares de deuses. Não é simples assim: é que Deus (Brahma), se expressa sob várias formas, masculinas e femininas, inclusive. Cada um desses avatares revela uma qualidade, um estado de Brahma.

Simplificando muito: Brahma é o absoluto, o início, o meio e o fim, o UNO e o TUDO. Tudo é vida, porque tudo é Brahma.

Vishnu mantém o equilíbrio do universo, e de tempos em tempos vem ao mundo, encarnado sob figura humana, para salvá-lo do caos, da autodestruição. Jesus e Buda, por exemplo, seriam duas das encarnações de Vishnu.

Shiva, o terceiro da trindade, que vemos na escultura acima, é o destruidor e o transformador. Nessa representação, cercado pelo fogo que purifica e renova, ele dança o cosmo, e sua dança representa o eterno movimento do universo. 

Dança pisando numa figura que representa o nosso ego, o "eu"pequeno, que devemos vencer para nos libertarmos da samsara, a roda das encarnações, e nos unirmos a Brahma. 

Cada um de seus braços tem um significado. Achei essa descrição bem simples, que repasso a vocês:

O primeiro braço, com a palma à frente, quer dizer: "Não vos atemorizeis com a mensagem terrível que vos trago, pois também apresento a solução".

O segundo braço segura um pequeno tambor em forma de ampulheta (damaru), que marca o ritmo cósmico e o fluir do tempo: "Tudo no universo segue um ritmo, e está sujeito a uma ordem temporal. O tambor representa também o som através do qual o universo foi criado.

Com o terceiro braço, o que segura as línguas de fogo, Shiva diz: "Aproxima-se o tempo de destruir o que se construiu, para se completar o ciclo da criação. Assim como no passado o mundo antigo acabou-se pelas águas de um dilúvio, agora ele será destruído pelo fogo". Os fachos de fogo ao redor da figura carregam a seguinte mensagem: "A redondeza da Terra será queimada pelo fogo".

O quarto braço apresenta a salvação, ao apontar para o pé levantado, querendo dizer: "O homem não deve atender às solicitações das suas más inclinações, de suas más paixões, dos instintos bestiais, oriundos da sua natureza animal, inferior, e sim seguir sua natureza superior, espiritual: deve abster-se do ódio, dos vícios, dos excessos, obter o autocontrole.

Seu pé esquerdo erguido mostra-nos que podemos elevar-nos e atingir salvação. Salvação é auto-elevação Salvation = self elevation

terça-feira, 4 de março de 2008

Nós e o festival Holi


Tudo isso é Holi, o festival das cores que acontece agora, na lua cheia desse final de março, para saudar a chegada da primavera e pedir a proteção dos deuses, para a colheita seja boa e a terra fértil.



Vai cair exatamente no dia que tínhamos programado passar em Agra, indo de manhãzinha e voltando à Delhi quando chegasse a noite. De trem, são duas horas de viagem.



O bom senso obrigou a mudança: durante o holi as ruas da Índia ficam pra lá de animadas, ninguém escapa dos banhos de água e pós coloridos, que os indianos atiram entre si e nos passantes.



É bonito o resultado: as pessoas ficam parecendo elementos de um quadro vivo, de uma explosão de cores!



Mas é melhor curtir o festival em Delhi, onde, depois de participar da brincadeira, e de também pedir aos deuses pela boa colheita em nosso trabalho, ao invés de pegar um trem assim, molhados e coloridos, podemos ir ao hotel para trocar de roupa!


segunda-feira, 3 de março de 2008

Lavanderia em Mumbai


Dhobi Ghats, é como se chama essa imensa lavanderia que funciona assim, ao ar livre! são milhares de trabalhadores aqui. Ainda não encontrei muitos dados sobre a maneira como funciona.