Eu trouxe da Índia. É a história dolorosa de um eunuco (hijdra) -Mona Ahmed. O livro é composto pelos mails que ele escreveu para a fotógrafa Dayanita Singh, que durante 13 anos acompanhou sua vida, fotografando, através dele, o universo das hijdras. Ahmed estabeleceu com ela um sólido laço de amizade e confiança, e o título do livro é retirado da maneira como assina esses mails: "myself, Mona Ahmed"
"Não somos homens tentando ser mulheres: somos o terceiro sexo" diz Ahmed em um desses mails, sobre a sua condição.
Ele viveu seus últimos anos em absoluta solidão, morando num cemitério em New Delhi, para onde retirou-se ao perder a filha adotiva -Ayesha- que havia criado desde o nascimento.
Ahmed estudou nos melhores colégios, nasceu de família rica, único menino entre muitas irmãs, o preferido do pai, aquele que deveria sucedê-lo à frente dos negócios.
Cedo descobriu que não se identificava com os meninos, e na adolescência, depois das turbulências familiares, provocadas pelo pela impossibilidade do pai de corrigir suas maneiras femininas, é expulso de casa e acaba juntando-se às hijdras.
Seu guru lhe entrega uma récem nascida órfã, e ele dedica-se a ela como verdadeira mãe. O livro é recheado de fotografias que registram as festas de aniversário de Ayesha, os momentos de vida em familia.
Seu guru lhe entrega uma récem nascida órfã, e ele dedica-se a ela como verdadeira mãe. O livro é recheado de fotografias que registram as festas de aniversário de Ayesha, os momentos de vida em familia.
Alguns anos depois, o guru considera que o ambiente de Ahmed é prejudicial à menina e leva embora da Índia, nunca mais permitindo que ele a veja.
Cabe explicar a figura do guru: ele é o dirigente do grupo, o responsável pelo gerenciamento do dinheiro que arrecadam, o que dirige as cerimônias e os rituais de castração.
13 comentários:
Oi, Glória
Como assim "trouxe o livro da Índia", a viagem acabou??! Justo agora que tive a coragem de postar alguns comentários...(aiii, que dó!)
Tá legal, dois choques de uma tacada só: primeiro descubro que a viagem acabou e depois que dei uma de analfabeta e escrevi "hijdra" errado na postagem anterior. É mesmo uma tensão escrever para um escritor, fico sempre imaginando se estou cometendo alguma gafe com o português, mas tudo bem. Acredito que o Papa não espera que o padre reze a missa tão bem quanto ele, não é? Essa novidade do livro foi o mesmo que mostrar um doce para um guloso que está de dieta - o gordinho pode ver o doce mas não pode comer.(rsss)Por que trouxe o livro da Índia? Ainda não foi publicado no Brasil?
O fato de ter voltado não impede que vc poste fotos inédiatas e conte com mais detalhes a experiência dessa viagem fascinante. Espero que você não encerre o Blog.
Beijos, Sheila
Estranha e triste essa história da hijdra...ser um terceiro sexo é interessante...morar num cemitério, ter a filha adotiva afastada...e-mails contando sua história...dá uma "novela".
Bjs, Catia Almeida.
Glória,
Um livro interessantíssimo,pena que não deve ter à venda por aqui, não é?
Só que , ao mesmo tempo que é interessante,deve ser muito triste,pois é um relato de uma vida sofrida, onde o personagem, quando acredita ter conseguido um pouco de felicidade, através de uma criança,vê seu mundo desmoronar quando lhe é negado ficar com a mesma.E o que é pior, nunca mais vê-la.
Mas fiquei curiosa é a respeito dos motivos que levaram o guru, que anteriormente havia lhe entregue a menina, negar a sua convivência com ela.Qual ambiente era esse que o guru citou? No livro consta detalhes?
Bom, tendo motivos ou não, creio que duas vidas foram separadas e deixaram marcas profundas,tendo como base o fim triste relatado por um deles.
Oi Gloria,
tenho uma cia de dança indiana e estou ansiosa para ver sua nova novela. Será como O Clone, onde vc apresentará a cultura em geral, incluindo a parte de danças?
Gostaria de saber se posso mandar o material do meu grupo para sua produção (e para onde mandar), caso tenham interesse em ter apresentações de dança na novela.
Um abraço,
Shade Halim
www.cialotus.tk
Nossa que historia triste desse rapaz não? Nasceu em familia rica, foi expulso pelo pai, quando tudo parecia estar bem ganhou uma criança pra criar e depois vem o guru e leva embora? Ah,não esse guru não tem coração me desculpem...Mesmo tendo motivos jamais deveria separa-las para sempre...Que pena uma historia sem final feliz....beijos Gloria....
Outro dia vi num noticiario o caso de um travesti que esta querendo adotar legalmente uma menina! Ja pensou em colocar isso de algum modo inserido na historia de uma hijdra?! O bom e que, por essa biografia do eunuco, da pra ter uma base sobre como isso seria na India!
Oi!
Como se escreveu antes aqui, "dá uma "novela"". É triste, frustante e devastador! Mas tentando ver o lado positivo das coisas, ainda se podem reencontrar, e com sorte, ela ainda poderá lembrar-se da "mãe".
Mudando de assunto, mas não totalmente. O filme Dharm (2007), que ainda não vi mas li a sinopse, fala de adopções inter-religiosas. Em resumo, um brahma por insistência da mulher, adopta um bébé abandonado. Depois de quatro anos descobre que está a criar um muçulmano. A família dá a criança e o brahma inicia um processo de limpeza de corpo, mente e alma devido ao contacto que teve com uma criança muçulmana. Quando pensa que está totalmente purificado - a criança reaparece - à procura de refúgio por causa dos conflitos entre hindus e muçulmanos. No final, o brahma finalmente se apercebe que a verdadeira religião é - a religião onde os humanos ajudam humanos - humanidade. (fonte:http://www.imdb.com/title/tt1047459/usercomments)
O que me leva ao filme Gandhi(1982), quando Gandhi diz à um hindu cujo o filho foi morto por muçulmanos, para criar uma criança muçulmana orfã (umas das partes mais comoventes do filme). Sem dúvida alguma, a morte deveria ser paga com a vida e não com uma cadeia irracional de assassinatos por vingança (como no filme "Abril Despedaçado").
Espero muito sinceramente que o hijdra consiga "voltar a vida". Porque embora pareça impossível, se foi capaz de amar tão profundamente uma criança e fazer a diferença na vida dela, de quantas crianças ainda não puderá ajudar? Pode ser que não as possa adoptar, mas devem existir outras maneiras (através de associações ou ajudando meninos de rua). Uma pessoa que tem tanto amor para dar (e que passou por situações bem piores) precisa de dá-lo, e só assim puderá recebê-lo. Para quê se castigar a si mesmo?
Adeus!
Acabei de saber por aqui que sua viagem acabou. Queria ter lhe recomendado ir a Rishikesh e haridwar, lugares muito sagrados para os Indianos, perto de Delhi. Um guru uma vez me disse, tem hindus que não nasceram para ir a esses lugares e este é o seu Karma. Para nós hindus, morrer sem ir até Rishikesh e haridwar para se banhar no Ganges é quase um pecado. É lá em haridwar que o Rio Ganges sai das montanhas para se tornar um rio propriamente dito.
NA REAL NAO QERO FAZER COMENTARIO E SIM DIZER Q SOU SEU FÃ Q ASSISTO SUAS NOVELAS BLZ,BEIJAO ABRAÇO DE UM ENTRE TANTOS DESCONHECIDOS Q TE ADMIRA.A TENHO UM BLOG DE RECEITAS MUITO BOM EU ACHO NE,SE VC FIZER UMA VISITA E UM COMENTARIO FICARIA MUITO FELIZ www.rango-bom.blogspot.com FICA COM DEUS.
Gloria !!!!!Muito sucesso para vc minha querida !!!!!até o encontro com o pessoal da comunidade!!!!!Te amo
Fabiane Dalaneze
Shade,
é claro que eu quero que vc mande o material! por favor.Mande para o PROJAC, aos cuidados do Marcos Schechtman.
Mariana
eu trouxe da Índia esse filme, DHARMA! é fantástico mesmo!
Nossa, muito sofrida a história desse hijdra. Sempre o amor lhe foi tomado: primeiro do pai, depois da filha.
Agora, mudando de assunto.
Pessoal, sou mestranda da ECA-USP e pesquiso a recepção internacional de Caminho das Índias.
Por isso gostaria que os brasileiros que atualmente moram fora do país entrassem no meu blog e postassem suas experiências.
http://caminhodasindiaspt.wordpress.com
meu e-mail: deniseofreire@gmail.com
Beijos e desde já, muito obrigada pela ajuda!!!
Comunidade das Hijras no orkut;
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=85850861
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