quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Chacina de Vigário Geral: missa de 14 anos

sexta-feira,24 de agosto de 2007


A Iracilda faz o convite, em nome dos outros sobreviventes e familiares dos mortos:
“Nós, familiares e vítimas da Chacina de Vigário Geral, convidamos a todos para participar da missa em lembrança das vitimas de Vigário Geral, dia 29 de agosto, às 09:30, na Igreja São José, à Rua: 1 de março, s/n, Centro, Rio de Janeiro”

A Chacina de Vigário Geral, dentre todos os crimes das últimas décadas, é o que denuncia de maneira mais contundente a tolerância das leis penais brasileiras e sua conivência com a impunidade.

29 de agosto de 1993, numa noite que parecia tranquila, a comunidade de Vigário Geral foi invadida por cerca de 50 homens encapuzados, fortemente armados. Eram policiais de grupo de extermínio, que em represália a traficantes da região, mataram 21 moradores.Gente que nao tinha nenhuma ligação com o tráfico. Gente que estava na rua, nos bares, ou dentro de suas casas.

A brutalidade provocou comoção e ouvimos, então, aquelas frases que sempre são ditas quando acontecem crimes hediondos:“é preciso dar uma resposta à sociedade” “isso não ficará impune” e vai por aí.

Difícil que seja assim. Só em 1997 conseguiu-se fazer o julgamento do primeiro réu, que foi condenado a 449 anos e 8 meses de prisão pelo assassinato de 21 pessoas.

Poderia ter sido mais, se fosse aplicada para cada homicídio a pena máxima de 30 anos. Na prática, por mais hediondo que seja o crime, os juízes não costumam dar sentenças superiores a 20 anos, porque de acordo com nossas leis a pena de mais de 20 anos dá direito a um segundo julgamento. O que significa outros tantos anos de espera para que o júri aconteça outra vez.

Condenado, réu recorreu da sentença, invocando um recurso extravagante: o crime continuado. Como as 21 pessoas foram mortas num mesmo ato, o crime conta como um crime só, e as 21 vidas valem uma vida só. O STF acolheu a pretensão e a pena foi reduzida para 57 anos.

Ele recorre outra vez, reinvindicando o direito ao segundo julgamento., uma vez que a pena ultrapassou os 20 anos. E foi julgado de novo.

Lá se vão 14 anos. Dos indiciados, apenas 7 foram condenados.E até hoje as vítimas
esperam pela indenização.
A Iracilda, que nos convida, perdeu a filha e o marido naquela noite de horror.

3 comentários:

Sérgio Cerqueira Borges disse...

A SENHORA ACREDITA NA INJUSTIÇA?



Eu, Sérgio Cerqueira Borges, brasileiro, casado, EX-PMERJ RG: 37675; vem noticiar e pedir as providências cabíveis nos fatos abaixo descritos:





ATENTADO A DIGNIDADE HUMANA E AOS DIREITOS HUMANOS.





Fui um dos acusados inocentes da chacina de Vigário Geral em 1993. Preso disciplinar por "não atualizar endereço". No CD (conselho disciplinar /ADM) provei tê-lo informado, entretanto fui excluído pela acusação da chacina (princípio da lealdade processual). Vários princípios constitucionais do artigo 5º da CRFB foram feridos, “O DEVIDO PROCESSO LEGAL”, entre outros de igual gravidade, como também tratados internacionais ratificados pelo Brasil. Libelado por não informar endereço, entretanto excluído pela chacina sem ser ainda julgado.(Tribunal de exceção). No BPchoque prestei depoimento sob efeito de tranqüilizantes, no CD (conselho disciplinar), com conhecimento dos oficiais, membros. No Bpchoque fomos torturados com granadas de efeito moral as vésperas do depoimento no II TJ, cujos fragmentos foram apresentados à juíza, que enviou a perícia, consta nos autos, mas nada aconteceu conclusivamente Na véspera do natal de 1993, quando transferido para POLINTER, protestei aos gritos a injustiça e no curso fui enviado ao hospital de loucos, em Bangu, mas por não ter sido aceito retornei e, em dias fui transferido a Água Santa. Neste também fui agredido e informei no dia seguinte em juízo, estando com ferimentos, mas nem fui submetido à perícia. Transferido para o Frei Caneca (UPE), pude ajudar a gravar as fitas com as confissões cujas 23 inocentes puderam alcançar a liberdade e, transferido para o CPI/PM (COMANDO DE POLICIAMENTO DO INTERIOR). Após a perícia das fitas fui solto provisoriamente; Dei entrevistas me defendendo e tive minha liberdade provisória caçada e enviado ao 12ºBPM, acredito, para me silenciarem. No júri fui absolvido. Meus pedidos de reintegração nunca foram respondidos até a alguns dias quando um CEL PM informou via correspondência que meu direito processual havia precuído, esperaram o tempo passar para não discutirem o meu direito material. Tive um filho com 18 anos, assassinado por vingança, tive vários atentados e um deles me aleijou a perna esquerda, com limitação parcial, sofro de diabete, enfartei aos 38 anos, possuo um tumor na tireóide. Tento reintegração em ação rescisória Processo No 2005.006.00322 TJRJ com pedido de tutela antecipada para cirurgia no HPM buscando extração do tumor.

Portanto vários atentados à minha dignidade humana e direitos constitucionais indisponíveis foram cometidos. As pessoas responsáveis nunca responderão por diversas prisões de inocentes? Afinal foram 23 inocentes presos (PROCESSO VIGÁRIO I) por quase quatro anos com similares seqüelas. Ajudem-me a resgatar minha dignidade.

No menor prazo possível estarei providenciando os documentos, todavia esclarece que alguns destes, foram extraviados, quando sofri o assalto descrito na denuncia, cujos foram levados no carro que me levaram; seria necessário desentranhamento dos meus depoimentos no processo da chacina do II TJ. A injustiça queima a alma e perece a carne!

Com fundamentos na CRFB, artigo 5º; 127º; 129º, I, II, e VII; na LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 106/03, artigos 36º; 37º, I, II, III; 38º, I, III e IV; 39º, VIII e os tratados internacionais de Direitos Humanos, suplico providências para que os transgressores respondam na forma da lei as violências, levando também em conta os Direitos Humanos do noticiante, destas irregularidades.



N.T.P.P.

Sérgio Cerqueira Borges disse...

Póde parecer estranho pedir ajuda a senhora Gloria Perez, mas pense: Enquanto tentaram condenar inocentes, os verdadeiros culpados nunca sairam da PM, nem foram julgados.



O PM Sérgio Cerqueira Borges pagou por 21 homicídios que não cometeu
ILUSTRISSIMA DOUTORA Maria Margarida Pressburger Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB RJ /CDHAJ.

Eu, Sérgio Cerqueira Borges, brasileiro, casado, residente e domiciliado na rua XXXX XXXX XXXXXXX -RJ, EX-PMERJ RG: 37675; vem noticiar e pedir as providências cabíveis nos fatos abaixo descritos:

ATENTADO A DIGNIDADE HUMANA E AOS DIREITOS HUMANOS.

Fui um dos acusados inocentes da chacina de Vigário Geral em 1993. Preso disciplinar por "não atualizar endereço". No CD (conselho disciplinar /ADM) provei tê-lo informado, entretanto fui excluído pela acusação da chacina.
Vários princípios constitucionais do artigo 5º da Constituição da República Federativa Brasileira foram feridos, “O DEVIDO PROCESSO LEGAL”, entre outros.de igual gravidade, como também tratados internacionais ratificados pelo Brasil. Libelado por não informar endereço, entretanto excluído pela chacina sem ser ainda julgado.(Tribunal de exceção).
No BP-Choque prestei depoimento sob efeito de tranqüilizantes, no CD (conselho disciplinar), com conhecimento dos oficiais, membros.
No BP- Choque fomos torturados com granadas de efeito moral às vésperas do depoimento no II TJ, cujos fragmentos foram apresentados à juíza, que enviou a perícia, consta nos autos, mas nada aconteceu conclusivamente.
Na véspera do natal de 1993, quando transferido para a POLINTER, protestei aos gritos a injustiça e no curso fui enviado ao hospital de loucos, em Bangu, mas por não ter sido aceito, retornei e, em dias, fui transferido para Água Santa. Neste também fui agredido e informei no dia seguinte em juízo, estando com ferimentos, mas nem fui submetido à perícia.
Transferido para o Frei Caneca (UPE), pude ajudar a gravar as fitas com as confissões cujas 23 inocentes puderam alcançar a liberdade e, transferido para o CPI/PM (COMANDO DE POLICIAMENTO DO INTERIOR). Após a perícia das fitas, fui solto provisoriamente; Dei entrevistas me defendendo e tive minha liberdade provisória caçada e enviado ao 12ºBPM, acredito, para me silenciarem. No júri fui absolvido. Meus pedidos de reintegração nunca foram respondidos até há alguns dias, quando um Coronel PM informou via correspondência que meu direito processual havia precuído, esperaram o tempo passar para não discutirem o meu direito material.
Tive um filho com 18 anos, assassinado por vingança, tive vários atentados e um deles me aleijou a perna esquerda, com limitação parcial, sofro de diabete, enfartei aos 38 anos, possuo um tumor na tireóide. Tento reintegração em ação rescisória Processo No 2005.006.00322 TJRJ com pedido de tutela antecipada para cirurgia no HPM buscando extração do tumor.
Portanto vários atentados à minha dignidade humana e direitos constitucionais indisponíveis foram cometidos. As pessoas responsáveis nunca responderão por diversas prisões de inocentes? Afinal foram 23 inocentes presos (PROCESSO VIGÁRIO I) por quase quatro anos com similares seqüelas. Ajudem-me a resgatar minha dignidade.

No menor prazo possível estarei providenciando os documentos, todavia esclarece que alguns destes, foram extraviados, quando sofri o assalto descrito na denúncia, cujos foram levados no carro que me levaram; seria necessário desentranhamento dos meus depoimentos no processo da chacina do II TJ. A injustiça queima a alma e perece a carne!
Com fundamentos na CRFB, artigo 5º; 127º; 129º, I, II, e VII; na LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 106/03, artigos 36º; 37º, I, II, III; 38º, I e III e IV; 39º, VIII e os tratados internacionais de Direitos Humanos, suplico providências para que os transgressores respondam na forma da lei as violências, levando também em conta os Direitos Humanos do noticiante, destas irregularidades.

www.gustavodealmeida.blogspot.com

















Sábado, 29 de Março de 2008
Borjão vai à OAB
Há alguns dias publiquei aqui a história terrível do PM Sérgio Cerqueira Borges, acusado erradamente de participação na Chacina de Vigário Geral. Borjão, como é mais conhecido, teve a vida destruída e o filho assassinado. Mandou um email para a Ordem dos Advogados do Brasil - email que reproduzi aqui.
Boa notícia: a OAB vai receber o Borjão, hoje acadêmico em Direito:

"Sr. Sérgio Cerqueira Borges, O Dr. Claudio Sarkis - advogado designado para cuidar do seu processo - solicita seu comparecimento à Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, para os necessários esclarecimentos, no dia 29/03, às 10h.
Local: Av. Marechal Câmara, 150/6º.
Pedimos a gentileza de entrar em contato pelos tels.: 2272-2042 e 2043 para confirmação, ou não, do comparecimento.
Cordialmente,

BLOG DO GUSTAVO DE ALMEIDA

Sérgio Cerqueira Borges disse...

http://odia.terra.com.br/blog/blogdaseguranca/index.asp

Sexta-feira , 29 Agosto, 2008

Vigário Geral: tragédias por todos os lados
Por Gustavo de Almeida






Nesta sexta-feira, completaram-se 15 anos da triste chacina de Vigário Geral, quando 21 inocentes foram assassinados da forma mais insana possível, em uma vingança sangrenta que tomou conta do noticiário internacional. A Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio, lembrou a data, mas já é possível perceber que aos poucos a cidade vai deixando as trágicas lembranças da chacina para trás. Os atos vão sendo esvaziados. O noticiário na TV vai ficando mais ralo, e até mesmo os nomes de mortos e matadores vão sendo menos escritos. Até mesmo um dos matadores foi morto em maio, sem que se fizesse muito alarde disto.
Vigário Geral e o Rio de Janeiro se refletem em um espelho, quando somam impunidade e injustiça.
Uma das parentes de vítima teve a indenização negada no fim do ano passado pela Justiça, sem maiores explicações. É obrigação do Estado recorrer, como manda a lei. Mas surpreendeu que em última instância a vítima tenha perdido. É inexplicável. Trata-se de uma senhora que até hoje vive em Vigário, sem maiores perspectivas. Não sabe nem que a vida lhe foi injusta. Já não sabe o que é vida.
Poucos sabem, mas há um PM no caso de Vigário Geral que acabou se tornando vitima. Trata-se de Sérgio Cerqueira Borges, conhecido como Borjão.
Borjão foi um dos presos que em 1995 já eram vistos como inocentes, colocados no meio apenas por ser do 9º´BPM. A inocência de Borjão no caso era tão patente que ele inclusive foi o depositário de um equipamento de escuta pelo qual o Ministério Público pôde esclarecer diversos pontos em dúvida.
Borjão foi expulso da PM antes mesmo de ser julgado pela chacina. Era preso disciplinar por "não atualizar endereço".
Borjão conta até hoje que deu depoimento em seu Conselho de Disciplina sob efeito de tranqüilizantes, ainda no Batalhão de Choque. Seus auditores sabiam disto. "No BP-Choque, fomos torturados com granadas de efeito moral as vésperas do depoimento no 2º Tribunal do Júri, cujos fragmentos foram apresentados à juíza, que enviou a perícia. Isto consta nos autos, mas nada aconteceu", conta Borjão, hoje sem uma perna e com a saudade de um filho, assassinado em circunstâncias misteriosas, sem que ele nada pudesse fazer.
"No Natal fui transferido para a Polinter. Protestei aos gritos contra a injustiça. e Me mandaram para o hospital psiquiátrico em Bangu mas, por não ter sido aceito, retornei e em dias fui transferido para Água Santa. Lá também fui espancado e informei no dia seguinte em juízo, estando com diversos ferimentos, mas sequer fiz exame de corpo delito. Transferido para o Frei Caneca, pude ajudar a gravar as fitas com as confissões e em seguida fui transferido para o Comando de Policiamento do Interior. Após a perícia das fitas fui solto. Dei entrevistas me defendendo e tive minha liberdade provisória cassada e me mandaram para o 12ºBPM a fim de me silenciarem. No júri, fui absolvido. Meus pedidos de reintegração à PM nunca foram respondidos".
A história de Borjão ao longo de todos estes 15 anos só não supera mesmo a dor de quem perdeu alguém na chacina. Mas eu não estaria exagerando se dissesse que Sérgio Cerqueira Borges acabou se tornando uma vítima de Vigário Geral. "Tive um filho com 18 anos assassinado por vingança. Sofri vários atentados e um deles, a tiros, me fez perder parcialmente os movimentos da perna esquerda. Sofro de diabete, enfartei aos 38 anos e vivo com um tumor na tireóide. Hoje em dia tento reintegração à PM em ação rescisória, o processo é o número 2005.006.00322 no TJ, com pedido de tutela antecipada para cirurgia no Hospital da PM para extração do tumor. Portanto, vários atentados à dignidade humana foram cometidos. As pessoas responsáveis nunca responderão por diversas prisões de inocentes? Afinal foram 23 inocentes presos por quase quatro anos com similares seqüelas. A injustiça queima a alma e perece a carne!", desabafa Borjão.
Borjão hoje conta com ajuda da OAB para lutar por sua reintegração. Mas o desafio é gigantesco.

Triste ironia do destino: o policial hoje mora em Vigário, palco da tragédia que o jogou no limbo.

A filha dele, no entanto, me contou há alguns dias que não houve tempo suficiente para esperar pela Justiça e pela PM - Borjão teve que operar às pressas o tumor na tireóide no Hospital Municipal de Duque de Caxias. A cirurgia foi bem. Sérgio Cerqueira Borges vai sobreviver mais uma vez.
Sobreviver de forma quase tão dura como os parentes de 21 inocentes, estas pessoas que sobrevivem mais uma vez a cada dia, a cada hora. No Rio de Janeiro é assim: as tragédias têm vários lados e a tristeza de quem tem memória dificilmente se dissipa. Pelo menos nesta data, neste 29 de agosto que nos asfixia.




POSTADO POR: Gustavo de Almeida às 19:38 :: Arquivado Comentário (7)

Vigário Geral
Eu e o Cel Laranjeiras conhecemos a verdadeira história. Na época me rebelei durante as investigações e fui perseguido por dois anos. Meu depoimento em Juízo absolveu oito policiais militares e um policial civil. A política do governo na época era dar uma satisfação a sociedade foram cometidas inúmeras ilegalidades, as quais enumerei em Juízo. Peça a nossa amiga em comum que eu lhe conto a verdaeira história.
Eduardo
Eduardo (ejas@oi.com.br)
Sab, 30 Ago 2008 00:14:54 GMT
BASTA SER PM PARA SER CULPADO
Quando ocorrem fatos dessa natureza, desperta-se o clamor público por punição aos culpados, então os responsáveis pela investigação, diante da enorme pressão,acabam fazendo as coisas atabalhoadamente. Quem se lembra do PM e evangélico ?
aquele, que por ser negro, foi apontado erroneamente como um dos culpados no caso dos meninos da candelária, em uma investigação de um Coronel da PM, ficando preso injustamente, até que se descobrisse que ele era inocente.
Anônimo
Sab, 30 Ago 2008 07:47:10 GMT
Um dia qualquer a grande imprensa terá de assumir para si a responsabilidade de investigar e divulgar a VERDADE do que houve naqueles tempos malditos. Num país que pretende se tornar um "Estado Democrático de Direito" é fundamental que exista uma imprensa livre, investigativa e compromissada com a VERDADE, mesmo passada. Foram tão teratológicas as injustiças praticadas contra aqueles que foram selecionados como "gado" para responder pela chacina de Vigário Geral, que nenhum dinheiro será capaz de repará-las nem afago algum trará de volta os que morreram com a mácula de um crime terrível que não cometeram. Pois pior ainda foi a solução: o assassinato moral de policiais inocentes, que antes de perderem o corpo tiveram suas almas torturadas num dos maiores absurdos já havidos na justiça brasileira. Pior ainda é que todos os grandes nomes da mídia sabem que a chacina de Vigário Geral tornou-se "Conto do Vigário Geral" nas ondas do clamor público. Agora não há mais clamor. O que falta, então, para reconstituir a VERDADE? Nada! Não falta nada! Há, principalmente, centenas de denúncias forjadas, que a Justiça apurou e confirmou, uma a uma. Falta, sim, apontar os vilões da história, os "chacinadores" da moral alheia. E, principalmente, falta a sociedade saber que não há um só réu condenado pela chacina de Vigário Geral. O tenebroso crime ficou impune, ou melhor, teve o acréscimo de muitos inocentes igualmente chacinados pelo sistema governamental. Mas o desafio permanece e cabe à imprensa restaurar a VERDADE DOS FATOS. Não sendo assim, só resta amargar a morte da alma dos "mortos em vida" e lamentar os "mortos e enterrados". Eis um crime em que só houve vítimas: 04 PMs trucidados por traficantes, 21 favelados assassinados cruelmente, e 33 inocentes imolados em igual crueldade para salvar os verdadeiros responsáveis pela anomia que imperava absoluta no RJ dos tempos da maldição brizolista. Na luta entre os rotos e os esfarrapados, sobraram os trapos humanos. O Borjão é apenas um exemplo, única voz que ainda tem força para clamar por justiça! Que seja ele ouvido!

Emir
Emir Larangeira (emirlarangeira@hotmail.com)
Sab, 30 Ago 2008 09:49:26 GMT
No Brasil, quem julga é a imprensa, ela escolhe os culpados e os inocentes, depois que a pessoa é desmoralizada, massacrada na mídia, é tarde demais prá se recuperar. Pior é a Polícia se deixar envolver com essa irresponsabilidade.
Marli Moraes (marlimoraess@yahoo.com.br)
Dom, 31 Ago 2008 06:51:13 GMT
ESSA TAL DEMOCRACIA......
É verdade que o melhor do ser humano é a sua consciência, ou seja, o direito que tem de se expressar livremente para poder realmente "vivenciar a vida" e assim contribuir para um melhor amanhã para si e principalmente para os que virão. E foi isso que nos prometeram esse grupo de mandatários, líderes políticos, que calcados naquilo que diziam serem os valores éticos e morais de uma sociedade alçaram as mais altas e importantes camadas do Poder Público, também prometendo que à partir daquela época viveríamos num país melhor.
Passaram-se anos e diversificados partidos e seus líderes políticos tiveram a oportunidade de demonstrar que era sim possível a existência de um novo Brasil - um acertado pais para todos os brasileiros, feito à partir dos erros que não mais se repetiriam.

Infelizmente nada disso aconteceu e basta um novo pleito eleitoral para que as mesmas promessas do passado sejam copias repetidas, embora decorrido mais que 20 anos que tenham vindo à baila pela boca de dos referidos ou dos seus antecessores, muitos deles seus pais avós ou tios.
Essas cinqüenta e uma vítimas da chacina de Vigário Geral representam toda essa ineficácia desse Estado Brasil, ou melhor, significam a inexistência do próprio Estado, muito menos no afamado "estado democrático de direito" que eles, os mandatários desta nação (também com letra minúscula) insistem dizer existir à população. E nesse cinismo deslavado dos nossos mandatários outras chacinas são cometidas dia após dia sem que ao menos nos demos conta.
Essa tal democracia, que na verdade é uma anarquia, mata diariamente gente e mentes, pois ao contrário do que prometeram jamais disponibilizaram aos menos favorecidos condições dignas de educação e saúde e muito menos ainda de segurança. Muitos, velhos jovens e criança, morrem sem terem a oportunidade de um tratamento médico eficaz; relegados a uma casta de incapazes de toda ordem as crianças e os adolescentes têm suas mentes assassinadas pelo simples fato de nascerem pobres, pois o sistema educacional sequer ensina o beabá e a aritmética fundamental que o livrará do analfabetismo - e tome-lhe camisinhas e bate rebate na lata.
E o que tudo isso tem a ver com o Borjão?
O Borjão representa todos os policias que são vítimas desse fracasso social dessa mentirosa tal democracia - não ele, mas o que fizeram com ele. Em pleno "estado democrático de direito" Borjão foi preso, processado, torturado e julgado sem a prova necessária para que isso tivesse ocorrido - foi excluído da sua condição de cidadão pelo simples fato de ser policial militar e um pseudo-suspeito da participação de um crime que até hoje não foi apurado. Pior ainda, esse "estado democrático de direito" que tanto luta pelo reconhecimento do direito(?) dos "guerrilheiros" e rapidamente a eles concede polpudas indenizações, nega reconhecer que errou e deixam de conceder ao Borjão aquilo que, cruel e injustamente, lhe tiraram, a dignidade, a honra e o direito que ele tinha de ser Policial.
Quem acreditar nessa "tal democracia e em seus representantes" que vote.
Laecio (laealsi@yahoo.com.br)
Dom, 31 Ago 2008 13:04:19 GMT
OS PRIVILÉGIOS DO PODER EXECUTIVO
Os deputados estaduais deveriam fiscalizar os atos do executivo. porque não o fazem? Justamente porque se tornaram apêndice do governo do estado!!!

Porque os deputados que vieram da instituição POLÍCIA não fazem nada por aqueles que lá permaneceram?

Porque em vez de colocar oficiais e delegados os familiares dos praças não elegem também um praça para lutar pelos seus objetivos?

A política é o meio mais fácil para conseguirmos os nossos objetivos. Separados não somos nada, entretanto, juntos somos uma força gigantesca com capacidade de mudar o rumo da história!!!

Se pararmos de reclamar e nos organizarmos politicamente facilmente chegaremos aos nossos objetivos! Difícil é convencer as pessoas do óbvio!

A palavra mágica é OBJETIVO, e quando for descoberto pelos policiais certamente vão parar de reclamar e construir a sua independência!

Imaginem uma campanha de esclarecimento e comprometimento realizada durante dois anos. Facilmente esta categoria terá pelo menos dois deputados na próxima administração publica de nosso estado!

Aí sim, poderão gozar dos privilégios do PODER LEGISLATIVO, que tem por obrigação fiscalizar os atos do poder executivo!!!

Pena que são desorganizados...
Vanguarda (vanguarda@gmail.com)
Dom, 31 Ago 2008 18:23:50 GMT
LINDO TEXTO DE UMA MÍDIA CONCORRENTE
Vigário Geral, 15 anos depois

Só vi a OAB-RJ realizar um ato pelos 15 anos da Chacina de Vigário Geral, sexta-feira passada. Senti falta de uma grande manifestação, lembrando desse massacre contra 21 moradores da favela, todos trabalhadores, por um grupo de 50 policiais militares, em sua maioria integrantes da famigerada quadrilha apelidada de Cavalos Corredores, um subgrupo de policiais do 9o BPM (Rocha Miranda). Mas se hoje nem os seis mil homicídios anuais do Rio são suficientes para tirar as pessoas de casa, imagine uma chacina de 21 pessoas pobres e praticamente anônimas, que ocorreu há 15 anos. A falta de atos em memória da barbárie definitivamente contribui para reduzir a nossa memória pessoal dos fatos. Eu mesmo, que acompanho o tema, me confundi. Achei que faria 15 anos hoje, mas na verdade foi ontem, dia 30 de agosto.

A chacina ocorreu na madrugada de 30 de agosto de 1993 e não 29 de agosto - como podem pensar, durante o governo Brizola. O prefeito já era Cesar Maia. Ela teria sido motivada como represália de policiais ligados a quatro PMs que foram mortos por bandidos daquela favela, durante um "acerto" mal acabado, na Praça Catolé do Rocha. Vivíamos, de certo modo, tempos piores do que os atuais, quando as mortes de policiais eram vingadas da maneira mais sórdida.

Naquela época eu já trabalhava mais na edição, estava me afastando das ruas. Era editor-assistente do "Jornal do Brasil", onde o editor de cidade era o mestre Altair Thury. A imagem mais marcante para mim foi a da foto em seis colunas, ocupando um extremo ao outro da primeira página, sob a manchete de duas linhas, do mesmo tamanho da fotografia: os corpos nas gavetas do IML colocados lado a lado. Não tenho certeza, mas muito provavelmente foi idéia de algum fotógrafo, que aproveitou um descuido do pessoal do rabecão (os bombeiros ainda não haviam entrado nesse trabalho, se não me falha a memória). Hoje, muito provavelmente as autoridades de plantão não teriam dado esse "mole" e permitido a visualização de duas fileiras de gavetas com cadáveres de uma chacina. As gavetas, alinhadas, estão cercadas por curiosos e moradores, coisa rara também de se ver em áreas pobres. O normal seria que ninguém se aproximasse e muito menos manifestasse indignação, temendo mais represálias.

Só que a chacina chocou o país e exigiu dos governantes medidas rápidas, que resultaram até em injustiças contra policiais militares (a maioria dos envolvidos, porém, continua impune). Como se tentasse evitar que as mortes fossem em vão, Vigário Geral produziu também uma reação da sociedade, jamais vista no Rio. Seu impacto acelerou o surgimento de movimentos sociais como o Viva Rio, que em dezembro de 93, organizou a primeira grande manifestação pública contra a violência na cidade. Do hediondo crime, nasceu também um dos mais eficientes movimentos de resgate da cidadania nas favelas, o AfroReggae, que cresceu e gerou frutos na luta antiviolência. O massacre também resultou num livro emblemático do grande Zuenir Ventura, que nos recompensou com um título que passou a resumir a realidade carioca: Cidade Partida.

Vigário Geral, porém, não ajudou a mudar tudo. Treze anos depois, em 31 de março, ocorria novo recorde fúnebre: 29 mortos novamente por uma quadrilha de PMs, no massacre que ficou conhecido como Chacina da Baixada, que entra ano e sai ano, a gente nem lembra mais.
james bond (jamesbond666@hotmal.com)
Dom, 31 Ago 2008 21:07:12 GMT